GENERALIZAR
Uma das maiores dificuldades de emitir uma visão sobre qualquer assunto é que estaremos sempre a "generalizar". Não no sentido de nos armarmos em generais, os donos da verdade, mas no de estarmos a expressar uma opinião sobre um conjunto. Seja ele uma classe profissional, social, etária, ou outra. Daí que haja sempre alguém que se queixe de, pertencendo ao referido conjunto, não se rever na imagem dada. Ou de "conhecer gente" que não se encaixa.
Com o tempo, todos percebemos que se alguém diz "os merceeiros de Vila Pouca andam a roubar a população no preço do café", isso não inclui TODOS os merceeiros. Haverá sempre o senhor José que tem levado uma vida relativamente honesta e que só roubou no preço da farinha; ou que bate na mulher, ou assim, mas que NUNCA ROUBOU NO CAFÉ. A forma politicamente correcta de contornar a coisa é escrever "alguns merceeiros". Ou "alguns bombeiros". Ou "alguns políticos".
Acontece, que estatisticamente somos levados de quando em vez a pronunciarmo-nos sem o "alguns". Por exemplo, quando nos referimos aos taxistas do aeroporto da Portela. Deveríamos dizer "alguns" são uns vermes, e acabamos a dizer "eles" são umas amibas (que, em substância, não passam de vermes brainless). Ou seja, não afirmando que "toda a floresta está doente", subentende-se que a maioria das árvores o estão.
Se eu digo "os caçadores" são uma espécie anacrónica, cujos hábitos têm frequentemente efeitos secundários nefastos (para não falar nos directos), quero mesmo referir-me à "a esmagadora maioria". O que não quer dizer que no meio deles não se encontre gente que procura respeitar o meio-ambiente e que sinta sobretudo um grande prazer em passar dias a percorrer os campos. Gente essencialmente positiva.
Este raciocínio aplica-se a tudo o resto. Os actos não se confudem com quem os pratica.
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